segunda-feira, 11 de julho de 2016

OS MORTOS QUE O BRASIL NÃO CHORA ( II ) - Irlando de Souza Regis, 11/06/1970, Agente da Polícia Federal

Irlando de Souza Regis, 11/06/1970, Agente da Polícia Federal 

A noite de 11/06/1970 ficaria marcada para sempre na memória do Embaixador Alemão no Brasil, 

Ehrendfried Anton Theodor Ludwig Von Holleben. Isso não é pouco se considerar-se que Von Holleben era veterano da Segunda Guerra Mundial, tendo sido ferido em combate. Naquela noite, por volta das 19hs45min o Embaixador Alemão deixou o prédio da Embaixada nas Laranjeiras (Bairro do Rio de Janeiro – GB) para se dirigir para a sua casa (Rua Candido Mendes, 784) na sua Mercedes Bens. Dirigindo o automóvel estava o motorista Marinho Hutter, a seu lado, o agente federal Irlando de Souza Regis. Logo atrás, o veículo era seguido por uma Variant com mais dois agentes federais: Luiz Antônio Sampaio e José Pinheiro da Silva. Na altura da Ladeira do Fialho, Marinho foi obrigado a frear seu carro, pois uma Pick-up (cor verde, placas 35-50-87) fechou o carro oficial, chegando a bater nele. O que se seguiu foi uma ação rápida, violenta e muito bem planejada. Uma saraivada de balas de metralhadoras e revolveres foi disparada. O motorista só teve tempo de levar as mãos à cabeça em um gesto instintivo de proteção. Percebeu a sua porta ser aberta e um terrorista mandou que ele ficasse quieto. Viu o Embaixador Helleben ser arrastado do carro. Um dos terroristas deu uma rajada de metralhadora contra a Variant de escolta, ferindo gravemente o Agente Federal Luiz 

Antônio e levemente o seu colega José Pinheiro. Irlando não teve a mesma sorte. Um dos terroristas atirou pelo vidro entreaberto da Mercedes acertando o tórax do agente federal que morreu na hora.
Testemunhas completaram o quadro do que aconteceu para a Polícia. Por volta das 18 horas, dois homens e uma mulher sentaram-se na escadaria da Ladeira do Fialho que ligava a Rua Cândido Mendes com a Rua Benjamin Constant, na Glória. Pelos menos outras seis pessoas participaram do seqüestro. O sinal para a ação veio quando um dos terroristas atirou contra um poste de luz, deixando a rua na penumbra. A fuga foi realizada com o auxílio de dois veículos: um Opala bege e um Volkswagen grená.
Antes de fugir do local, os terroristas espalharam panfletos pela rua e imediações onde declaravam sua intenção de continuar perpetrando seqüestros contra autoridades de qualquer país que estivesse em serviço no Brasil.

O Embaixador alemão foi libertado no dia 16/06/1970 após o governo brasileiro despachar para a Argélia, 40 terroristas conforme exigências dos seqüestradores.

Irlando de Souza Regis (nas listas que circulam na Internet, o nome é grafado equivocadamente como Irlando de Moura Regis) era carioca e tinha 54 anos de idade. Havia ingressado na Polícia em 14/02/1941. Desde abril de 1970 estava lotado na SOPS, quando fora encarregado da segurança do Embaixador Alemão. Vivia com D. Florentina D. Rocha e havia adotado a filha da sua companheira, a jovem Guilhermina Maria da Rocha de 17 anos. O Presidente da República Emilio Garrastazu Médici compareceu ao funeral que foi acompanhado por cerca de cinco mil pessoas. O corpo de Irlando foi enterrado no Mausoléu do Policial, no Cemitério São Francisco Xavier, no Cajú.

Autoria: Comando Juarez Guimarães de Brito. Foram identificados os seguintes terroristas: Jesus Paredes Soto, José Maurício Gradel, Sônia Eliane Lafóz, José Milton Barbosa, Eduardo Coleen Leite (autor dos disparos que mataram Irlando), Herbert Eustáquio de Carvalho, José Roberto Gonçalves de Rezende, Alex Polari e Roberto Chagas da Silva.

Fontes: Jornal do Brasil, edição 00056 de 12/06/1970, 1º caderno, página 3; edição 00057 de 13/06/1970, 1º caderno, página 2 e página 7; edição 00060 de 17/06/1970, 1º caderno, página 3; Correio da Manhã, edição 23668 de 13/06/1970, matéria de capa e 1º caderno, página 3.
Esclarecimento do autor: este artigo integra uma série intitulada “Os Mortos Que o Brasil Não Chora” e é resultado de minuciosa pesquisa em jornais, revistas e periódicos publicados na época em que os fatos aconteceram. São aproximadamente 120 vítimas. Alguns eram integrantes de Forças de Segurança, outros civis – alguns sem qualquer conexão com um ou outro lado – e os demais eram membros da esquerda que foram “justiçados” (executados) por seus próprios companheiros. A cada publicação contarei a história de um episódio ou de uma vítima. Procurei obedecer a ordem cronológica dos acontecimentos. 


Todos os artigos já publicados estão disponíveis no site do grupo Ternuma (www.ternuma.com.br) e na página pessoal do autor no Facebook (https://www.facebook.com/robson.meroladecampos).

O BOLSONARO NÃO PODE. E O CIRO GOMES, PODE?

O Deputado Jair Bolsonaro (aquele que não foi citado em nenhuma delação, nem a dos ratos petistas) tem, contra si, mais um processo na Comissão de Ética da Câmara Federal. Desta vez, por fazer “apologia à tortura”.

PQP, eu vou morrer e não ver tudo!

A Câmara Federal julgando ética? Conta outra, que esta não deu pra rir... Pois, tudo o que inexiste na Câmara dos Deputados é ÉTICA!

Equivale a dizer que agora os traficantes de drogas é que irão julgar os seus comparsas.

É simplesmente algo surreal!

Mas, os processos estão lá: o primeiro instaurado para examinar a quebra de decoro parlamentar quando o Deputado Bolsonaro reagiu a uma ofensa da “equilibrada e coerente” deputada maria do rosário que o chamou de estuprador.

Para o carro que eu quero descer!

Ofender um colega de estuprador pode? Não ofende ao decoro da casa?

Desculpem a pergunta, mas o macaco só queria entender...

O segundo processo é ainda mais patético: “teria” o Deputado feito apologia à tortura quando pretendeu homenagear um coronel que não foi condenado até hoje. De que apologia me falam os nobres caras pálidas?

Pelo que entendo de leis, crime é o que fez o risível político profissional Ciro Gomes, ao declarar que gostaria de sequestrar o Lula para não deixa-lo ser preso. Ora, eu não sabia que o sempre patético cearense se tornou julgador de condutas.

Além do flagrante desrespeito ao SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL quando declarou que um processo contra Lula seria um golpe na democracia, pois ridicularizou publicamente a decisão do Ministro Teori Zavascki, que determinou a remessa da denúncia contra o ser vivo mais honesto do planeta para o Juízo Federal de Curitiba.

Certamente o Ministro Teori se omitiu diante da regra democrática e permitiu que o golpe seguisse o rito processual...

O Ciro Gomes não fez apologia, mas incitou a prática de crime previsto na Lei penal (artigo 286 c/c artigo 148 do Código Penal).

Voltando aos casos de decoro envolvendo o Deputado Bolsonaro, é sabido que ele não incorreu em crime algum.

No caso da deputada maria do rosário ele – no máximo – cometeu um “crime de indelicadeza”. Ou falta de cavalheirismo. Se bem que somente se deve cobrar de um cavalheiro o comportamento diante de uma dama, coisa que a conduta da petista gaúcha passa bem longe de ser sequer parecido.

E todas as verdadeiras damas sabem disso. Mesmo as petistas mais fanáticas...

Já na questão da homenagem ao coronel Brilhante Ustra, segundo processo instaurado na tal “Comissão de Ética”, que crime teria cometido o Deputado?

Diz o artigo 287 do Código Penal – Decreto Lei 2848/40, que:
“Fazer apologia, publicamente, de fato criminoso ou de autor de crime”.
Ora, qual foi o fato criminoso?
E quem é o autor de um crime?

Não tenho procuração do coronel para defendê-lo, mas – que eu saiba, e isto o PT não alterou – a Carta Magna declara a inocência de todo aquele que não foi condenado em juízo (cOmissão da verdade não vale!), com trânsito em julgado da decisão.

Desconheço qualquer sentença judicial a condenar o coronel por tortura ou similar. A quem quer que seja!

Portanto, à luz da Lei brasileira, penal ou civil, o Deputado Bolsonaro NÃO PRATICOU NENHUM DELITO.
Muito menos ético.


Fonte: Ternuma
Marcelo Aiquel – Advogado - 29/06/2016

domingo, 10 de julho de 2016

OS MORTOS QUE O BRASIL NÃO CHORA ( I )

Alberto Mendes Júnior, 10/05/1970, Tenente da Polícia Militar de São Paulo

Em maio de 1970 as autoridades brasileiras não tinham mais dúvidas que o ex-capitão Carlos Lamarca estava atuando no Vale do Ribeira, em São Paulo, onde havia instalado um foco de guerrilha rural. Diversas operações estavam sendo realizadas naquela região, especialmente nas redondezas da cidade de Registro – SP.
Na noite de 08/05/1970, o Tenente da Polícia Militar de São Paulo Alberto Mendes Júnior, que comandava um pelotão sediado em Registro - SP em apoio às tropas do Exército, recebeu ordens de se deslocar até a cidade de Eldorado – SP, onde um grupo de terroristas havia assaltado um posto de gasolina e roubado um caminhão. Tendo passado por Eldorado -SP e não tendo sido feito contato com os terroristas, o Tenente Mendes resolveu seguir até a cidade de Sete Barras – SP. A cinco quilômetros da cidade, os policiais encontraram um veiculo civil atravessado na estrada impedindo a sua progressão. As duas viaturas policiais se aproximaram do veículo e quando estavam a dez metros foram alvejados por disparos de fuzis automáticos. O Sargento Lino e os soldados Carrara e Lareno foram feridos e ficaram caídos no meio da estrada. Outros dois policiais também foram baleados. O Tenente Mendes respondeu ao fogo dos terroristas agrupando em torno de si alguns soldados, no lado direito da estrada. Mas, os terroristas, que também se espalharam pelo mato ao redor da estrada estavam em posição vantajosa. O comandante do grupo guerrilheiro, o ex-capitão Carlos Lamarca exigiu a rendição dos policiais, exigindo que o comandante dos militares se apresentasse, sendo seguido neste intento por Yoshitame Fujimore que bradava que se os soldados não cessassem o fogo iria matar os feridos que estavam na estrada.
Os soldados, armados com velhos fuzis Mauser modelo 1908 não conseguiram fazer frente aos disparos dos terroristas/guerrilheiros que estavam armados com FAL – Fuzil Automático Leve – armas de guerra que haviam sido roubadas do 4º Regimento em Quitaúna pelo ex-capitão Carlos Lamarca.

Nas operações contra guerrilheiros existe a ordem de o comandante nunca se apresentar como tal, tendo em vista o evidente risco pessoal para o mesmo. Entretanto, o Sargento Lima, que integrava a patrulha, julgando que seu comandante Tenente Mendes estava morto, apresentou-se como o comandante. Com diversos soldados feridos na refrega e como a munição estava acabando, o Tenente Mendes, preocupado em salvar seus homens, e mesmo já estando com um ferimento leve no pé, apresentou-se como o real comandante e aceitou o cessar fogo, entregando-se como refém em troca de vida de seus soldados. Ficou combinado então que o Tenente Mendes levaria os feridos para atendimento médico, deixando o restante do pelotão (sete soldados) como refém, e deveria retornar depois para que seus homens fossem liberados. Mendes cumpriu a sua promessa: mesmo já estando livre, retornou ao local do combate e com isso salvou a vida dos seus sete comandados, além daqueles que já haviam sido encaminhados para socorro médico, três dos quais em estado grave.

O grupo terrorista comandado por Lamarca liberou os soldados que haviam ficado aprisionados e prosseguiu a sua fuga levando consigo o comandante do pelotão. Mas, dois dias depois, temerosos que o Tenente Mendes que fora levado como refém pudesse fugir e denunciar a sua posição, resolveram montar um “tribunal revolucionário” e julgar o Tenente Mendes. Tais tribunais eram na verdade uma farsa: o “acusado” não tinha direito a palavra nem a defesa. E a sentença já era conhecida por todos os que participavam de tal “teatro”. Mendes foi condenado a morte pelo grupo e foi amarrado e cruelmente executado a golpes de coronhadas na cabeça. Os terroristas resolveram executá-lo dessa forma para não fazer barulho (com disparos de arma de fogo) e denunciar a sua posição. Morto o Tenente Mendes o grupo prosseguiu a sua fuga, abandonando o cadáver em uma cova rasa.

O corpo do Tenente Alberto Mendes Júnior só foi encontrado no dia 09/09/1970 por um grupo de policiais militares, após a prisão de um terrorista que atuava no Vale do Ribeira. Este elemento informou a localização aproximada do corpo do oficial, que foi encontrado em uma cova rasa, em um local ermo do município de Sete Barras, a cerca de 20 km da cidade de Registro – SP. Foram necessários mais de 36 horas de buscas até que o corpo do Tenente Mendes fosse encontrado. O exame cadavérico confirmou a crueldade com que o oficial da PMSP fora executado, a coronhadas, que esmagou seu cérebro.

Alberto Mendes Júnior era 2º Tenente da Polícia Militar de São Paulo. Era natural de São Paulo e tinha 23 anos quando foi barbaramente assassinado. Era filho de D. Angelina Mendes e Alberto Mendes. Foi promovido postumamente por bravura ao posto de 1º Tenente (alguns periódicos informaram que a promoção fora ao posto de Capitão). Seu corpo foi sepultado em 11/09/1970, no Cemitério do Araça, São Paulo – SP, com honras militares, na presença de cerca de 20 mil pessoas. Os jornais da época, unanimemente, classificaram o Tenente Mendes como verdadeiro herói, tendo em vista o seu sacrifício para salvar seus homens.

Autoria: Carlos Lamarca, Yoshitame Fujimore e Diógenes Sobrosa de Souza compuseram o “Tribunal Revolucionário” que condenou a morte o Tenente Alberto Mendes Júnior. Yoshitame Fujimore e Diógenes Sobrosa de Souza foram os executores da “sentença”.

Fontes: Jornal do Brasil, edição 00134 de 10/09/1970, 1º caderno, página 4; edição 00135 de 11/09/1970, 1º caderno, página 20; edição 00139 de 16/09/1970, 1º caderno, página 23; edição 00140 de 17/09/1970, 1º caderno, página 17; Diário da Noite, edição 13735 de 11/09/1970, matéria de capa; Correio da Manhã, edição 23749 de 16/09/1970, 1º caderno, página 12.

Esclarecimento do autor: este artigo integra uma série intitulada “Os Mortos Que o Brasil Não Chora” e é resultado de minuciosa pesquisa em jornais, revistas e periódicos publicados na época em que os fatos aconteceram. São aproximadamente 120 vítimas. Alguns eram integrantes de Forças de Segurança, outros civis – alguns sem qualquer conexão com um ou outro lado – e os demais eram membros da esquerda que foram “justiçados” (executados) por seus próprios companheiros. A cada publicação contarei a história de um episódio ou de uma vítima. Procurei obedecer a ordem cronológica dos acontecimentos. 

Todos os artigos já publicados estão disponíveis no site do grupo Ternuma (www.ternuma.com.br) e na página pessoal do autor no Facebook (https://www.facebook.com/robson.meroladecampos).

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Socialistas, comunistas e nazistas - por que a diferença de tratamento?

por Walter Williams 

Na Europa, especialmente na Alemanha, ostentar uma suástica é um crime.  Ao longo de décadas após a Segunda Guerra Mundial, pessoas têm caçado e punido os assassinos nazistas, que foram responsáveis pela chacina de cerca de 20 milhões de pessoas.
Eis uma pergunta: por que os horrores do nazismo são tão bem conhecidos e amplamente condenados, mas não os horrores do socialismo e do comunismo? Por que se ignora — ou ainda pior: por que se esconde — que as ideias socialistas e comunistas não apenas geraram uma carnificina muito maior, como ainda representaram o que houve de pior na história da humanidade?
Você pode dizer: "Williams, de que diabos você está falando? Socialistas, comunistas e os seus simpatizantes são uma moçada bacana, que apenas luta para que os mais pobres tenham um tratamento justo. Eles querem promover a justiça social!".
Então vamos dar uma rápida olhada na história do socialismo e do comunismo.
Em primeiro lugar, o nazismo é, por definição, uma versão do socialismo. Na verdade, o termo "Nazista" é uma abreviatura para Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães.
[N. do E.: em sua política econômica, os nazistas praticaram controle de preços, controle de salários e arregimentaram toda a produção nacional, voltando-a para o setor militar. Nesse sociedade totalmente arregimentada, todos viviam em função de obedecer às ordens do Führer.

A propriedade dos meios de produção continuou em mãos privadas, mas era o governo quem decidia o que deveria ser produzido, em qual quantidade, por quais métodos, e a quem tais produtos seriam distribuídos, bem como quais preços seriam cobrados, quais salários seriam pagos, e quais dividendos ou outras rendas seriam permitidos ao proprietário privado nominal receber.

É por isso que há o socialismo de estilo soviético (bolchevista) e o socialismo de estilo alemão (nazista). Fixar preços é uma forma de ataque à propriedade privada, pois retira dos produtores as opções que eles teriam no livre mercado para aplicar seus recursos. Fixação de preços é um decreto estatal que, na prática, proíbe os proprietários de investirem seus recursos onde bem quiserem.]

Mas os atos inomináveis de Adolf Hitler empalidecem em comparação com os horrores cometidos pelos comunistas na antiga URSS, na República Popular da China e no Camboja, apenas para ficar entre os principais.
Entre 1917 e 1987, Vladimir LêninJosef Stalin e seus sucessores assassinaram 62 milhões de pessoas do seu próprio povo.  O ponto de partida foi a Ucrânia.
[N. do E.: normalmente é dito que o número de ucranianos mortos na fome de 1932-33 foi de cinco milhões.  Deacordo com o historiador Robert Conquest, se acrescentarmos outras catástrofes ocorridas com camponeses entre 1930 e 1937, incluindo-se aí um enorme número de deportações de supostos "kulaks", o grande total é elevado para entorpecentes 14,5 milhões de mortes.]
Já entre 1949 e 1987, o comunismo da China, liderado por Mao Tsé-Tung e seus sucessores, assassinou ou de alguma maneira foi o responsável pela morte de 76 milhões de chineses. [N. do E.: há historiadores que dizem que o número total pode ser de 100 milhões ou mais.  Somente durante o Grande Salto para Frente, de 1959 a 1961, o número de mortos varia entre 20 milhões e 75 milhões. No período anterior foi de 20 milhões. No período posterior, dezenas de milhões a mais.]
No Camboja, o Khmer Vermelho, comandado por Pol Pot, exterminou aproximadamente 3 milhões de cambojanos, em uma população de 8 milhões.
No total, os regimes marxistas assassinaram aproximadamente 110 milhões de pessoas de 1917 a 1987.  Destes, quase 55 milhões de pessoas morreram em vários surtos de inanição e epidemias provocadas por marxistas — dentre estas, mais de 10 milhões foram intencionalmente esfaimadas até a morte, e o resto morreu como consequência não-premeditada da coletivização e das políticas agrícolas marxistas.
Para se ter uma perspectiva deste número de vidas humanas exterminadas, vale observar que todas as guerras domésticas e estrangeiras durante o século XX mataram aproximadamente 85 milhões de civis.   Ou seja, quando marxistas controlam estados, o marxismo é mais letal do que todas as guerras do século XX combinadas, inclusive a Primeira e a Segunda Guerra Mundial e as Guerras da Coréia e do Vietnã.
O regime mais autoritário e mais assassino da história está documentado no website do professor Rudolph J. Rummel, da Universidade do Havaí, no endereço http://www.hawaii.edu/powerkills, e no seu livro Death By Government.
Estudiosos da área de homicídio em massa dizem que a maioria de nós não é capaz de imaginar 100 mortos ou 1000. E acima disso, tudo vira apenas estatística: os números passam a não ter qualquer sentido conceitual para nós, e a coisa se torna um simples jogo numérico que nos desvia do horror em si. 
Quantos desses assassinos comunistas foram caçados e punidos? Ao contrário, tornou-se aceitável em todos os países do mundo (exceto na Polônia, na Geórgia, na Hungria, na Letônia, na Lituânia, na Moldávia e na Ucrânia) marchar sob a bandeira vermelha da ex-URSS, estampada com a foice e o martelo.
Mao Tse-Tung é amplamente admirado por acadêmicos e esquerdistas de vários países, os quais cantam louvores a Mao enquanto leem seu livrinho vermelho, "Citações do Presidente Mao Tse-Tung".
[N. do E.: no Brasil, o PCdoB, partido da base do atual governo, é assumidamente maoísta].
Seja na comunidade acadêmica, na elite midiática, na elite cultural e artística, em militantes de partidos políticos, em agremiações estudantis, em movimentos ambientalistas etc., o fato é que há uma grande tolerância para com as ideias socialistas — um sistema (de governo) que causou mais mortes e miséria humana do que todos os outros sistemas combinados.
Os esquerdistas, progressistas e socialistas de hoje se arrepiam com a simples sugestão de que sua agenda pouco difere da dos maníacos nazistas, soviéticos e maoístas.  Não é necessário defender campos de concentração ou conquistas territoriais para ser um tirano. O único requisito necessário é acreditar na primazia do estado sobre os direitos individuais.
Os inenarráveis horrores do nazismo, do stalinismo e do maoísmo não foram originalmente criados nas décadas de 1930 e 1940 pelos homens associados a tais rótulos.  Aqueles horrores foram simplesmente o resultado final de uma longa evolução de ideias que levaram à consolidação do poder nas mãos de um governo central, e tudo em nome da "justiça social".  Foram alemães decentes, porém mal informados — e os quais teriam tido espasmos de horror à simples ideia de extermínio e genocídio —, que construíram o Cavalo de Tróia que levou Hitler ao poder.
A estrada que estamos trilhando, em nome do bem comum, é muito familiar.  Se você não acredita, pergunte a si mesmo: qual o caminho que estamos trilhando: para uma maior liberdade ou para um maior controle governamental sobre nossas vidas?
Talvez pensemos que somos seres humanos melhores do que os alemães que criaram as condições que levaram Hitler ao poder. Quanto a isso, digo apenas o seguinte: não contem com isso.
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Walter Williams é professor honorário de economia da George Mason University e autor de sete livros.  Suas colunas semanais são publicadas em mais de 140 jornais americanos.

sábado, 4 de junho de 2016

Coisas que seu professor comunista jamais vai te contar (5)

O Maior estupro em massa da História foi realizado por comunistas


Aos 80 anos, Gabriele Köpp tem problemas com sono, por vezes, simplesmente não consegue comer. Aos 15 anos, ela foi repetidamente violada por soldados soviéticos, sendo virgem e não tendo nenhum conhecimento prévio sobre o sexo.

Na foto, mulheres que suicidaram-se em uma praça,
para não vivenciarem os estupros.
A revista "Spiegel" escreve que não existem os dados exatos sobre a quantidade de mulheres alemãs violadas pelo exército soviético, o número que aparece em várias publicações aponta para dois milhões de mulheres (2.000.000). Segundo a investigação do Dr. Philipp Kuwert, especialista de traumas e chefe do Departamento de Psiquiatria e Psicoterapia do Hospital universitário deGreifswald, a idade média das vítimas de violações soviéticas era de 17 anos e cada mulher foi violada em média 12 vezes.Quase metade das vítimas possui síndromes pós – traumáticos, incluindo os pesadelos, tendências de suicídio, anestesia emocional. Cerca de 81% destas mulheres adquiriram o efeito negativo direto sobre a sexualidade.

A historiadora Birgit Beck-Heppner escreve que os soldados soviéticos usavam as violações para intimidar as populações alemãs, mostrando que o seu governo e exército já não lhes conseguiam garantir a segurança. Por isso, muitas destas violações eram executados em público (!).

Em 1945, os soviéticos foram os primeiros a chegar em Berlim. Mesmo após a rendição da Wermacht e dos Nacional-Socialistas, o sofrimento do povo alemão parecia não ter fim. Os soldados do Exército Vermelho invadem casas, arrancam mães e filhas de suas famílias e as estupram em praça pública, algumas foram estupradas várias vezes por grupos de até 10 soldados. Mais de 2 milhões de mulheres alemãs foram estupradas só em 1945, desde crianças de 8 anos à idosas de 80.

A “doença russa”

Gabriele Köpp lembra na conversa com o jornalista da "Spiegel" que a sua menstruação parou por completo durante os 7 anos. Naquela época era um sintoma bastante comum entre as alemãs e era chamado pelos ginecologistas de “doença russa”.

Quanto Gabriele Köpp é perguntada se conheceu o amor, se teve alguma vez as relações sexuais, ela responde: “Não, não tive nada disso. Para mim existia apenas uma coisa – a violência”.

A culpabilidade dos aliados e a tentativa de abafar o assunto

O estupro em massa das mulheres em Berlim foi negado pelos países aliados (E.U.A, Inglaterra, França, União Soviética, etc;) pois conflitavam com a imagem de "vitoriosos civilizados e libertadores da opressão" que queriam passar para a opinião pública mundial. Porém, esse tabu foi quebrado quando Austin J. App, professor de língua inglesa na Catholic Univesity abordou esse tema embaraçoso (para os aliados, é claro!) em seu livro "Ravishing the Women of Conquered Europe" publicado em Abril de 1946. Na sequencia Antony Beevor também publicou o livro "Berlim: The Downfall, 1945" ("Berlim: A queda, 1945"), abordando o mesmo tema. Alguns relatos eram tão aterradores que o autor, prudentemente publicou apenas em seu site (www.antonybeevor.com). Ingrid A. Rimland também ecoou os gritos das alemãs estupradas nesse fatídico e vergonhoso episódio da guerra chaamndo o governo dos E.U.A à responsabilidade pois muitos desses estupros foram cometidos por soldados norte-americanos*.

(*) Principalmente, pela divisão de soldados negros do exército estadunidense, em breve postaremos o artigos somente sobre o assunto - NT.

Muitos historiadores creditam essa postura animalesca dos soldados aliados (notadamente dos soviéticos) ao anti-germanismo em vigor na Europa, alimentado desesperadamente e imprudentemente pela imprensa aliada. Pois a Alemanha não fora o único país a sofrer esses tipos de danos. Porém, nesse panorama vergonhoso, alguns testemunhos relatam a ainda a tentativa disciplinar de alguns poucos oficiais que tentavam manter a ordem. Dentre os testemunhos está o de um general soviético que matou um tenente, seu comando, ao flagrá-lo organizando uma fila de mais de 10 soldados para estuprar uma mulher alemã, já deitada no chão.

Registros da Igreja Católica relatam que num convento da cidade de Neisse, na Silésia, 182 freiras foram estupradas, seguidas vezes, pelos soldados aliados. Numa outra cidade alemã, 66 freiras engravidaram após seguidos estupros por parte dos invasores. Até mulheres russas que estavam prisioneiras, judias e de outras etnias em campos de concentração foram estupradas impiedosamente pelos seus próprios "libertadores".

Em Berlim, desesperadas por uma situação que não parecia ter fim, muitas mulheres alemãs se jogaram dos prédios em ruínas, preferindo a morte. Outras com filhos para criar, preferiam "contar com a proteção" de algum oficial aliado de alta patente, para acabar com o ciclo de estupro em série a que eram submetidas diariamente pelos soldados. Aquelas que engravidaram e tiveram filhos, frutos dos estupros em série a que foram submetidas ainda tiveram, com certeza, que suportar o repúdio moral e social.

A Arte alemã se expressando como deveria ser

Em 23 de Outubro de 2008 foi lançado na Alemanha o filme "Anonyma - eine Frau in Berlim" (Anônima - Uma Mulher em Berlim) baseado no livro de mesmo nome, escrito por Marta Hiller, alemã que sofreu entre 20/04/45 a 22/06/45, aos 31 anos, os horrores da Segunda Guerra Mundial quando vivia em Berlim, capital da Alemanha. O livro, é um relato perturbador sobre os abusos sexuais sofridos pelas mulheres da Alemanha em 1945. Marta foi uma das centenas de milhares de mulheres berlinenses, entre adolescentes, adultas e idosas, que sofreram estupros em série quando os soldados soviéticos invadiram Berlim, a capital do III Reich. Seus relatos são corroborados pelos da jornalista russa Natalya Gesse, então correspondente de guerra em Berlim, hoje aposentada.

Quando se trata do tema, muitos pesquisadores tendem a afirmar que esse comportamento deve-se a situação de extremo estresse durante a guerra, longos períodos de abstinência sexual, agravada por pressão psicológica constante....etc; Até então, algo conhecido e óbvio, mas duas coisas têm que ser bem esclarecidas pelos que se dizem "especialistas conceituados": 1 - Se a estratégia de guerra aliada realmente não estivesse interessada em fazer vista grossa total sobre as ações descontroladas e indisciplinadas que ocorriam com os civis alemães, principalmente suas mulheres, tais fatos não teriam acontecido, pelo menos não em tão larga escala escancarada. 2 - Tais motivos para o comportamento do combatente estão presentes em todos as guerras, nem por isso, tais atitudes são cometidas, não sendo por um outro e potencial fator, a extrema propaganda de guerra que chegava a níveis de uma lavagem cerebral....tal como hoje. - NT.

Mais de 240.000 mulheres morreram neste período,sendo mais de 100.000 em Berlim. Após o verão de 1945, os soldados soviéticos flagrados cometendo tal ato recebiam punições de enforcamento ou prisão.

Entretanto, os estupros continuaram até 1948, quando a Alemanha finalmente recuperou sua estrutura política e os soldados da União Soviética e aliados estavam apenas em postos de guarda, separados da população civil.

Fontes:

- O sentinela
- Recanto das Letras
- Wikipédia
- Mídia Inversa


Veja Também:

- O calvário das viúvas da ocupação
- A mulher no Terceiro Reich
- O Plano Morgenthau, um genocídio alemão (PARTE I)
- Adolf Hitler, Discurso as mulheres em 1936

quinta-feira, 19 de maio de 2016

O socialismo necessariamente requer métodos brutais para ser implantado

O socialismo jamais pode ser aplicado consensualmente. Para o socialismo ser implantado, é necessariamente indispensável o uso da força. 

Por quê?

Comecemos considerando os meios empregados para se alcançar o socialismo. De imediato, observamos dois fenômenos que não são dissociados um do outro. Primeiro: onde quer que o socialismo tenha sido implantado, como na China, no sudeste asiático, países do bloco comunista e na Alemanha nazista, métodos violentos e sanguinários foram utilizados para impô-lo e mantê-lo. 

Segundo: nos países onde partidos socialistas chegaram ao poder mas se abstiveram de violência e derramamento de sangue, como na Grã-Bretanha, em Israel ou na Suécia, eles não implementaram o socialismo de fato, mas conservaram a chamada economia mista, a qual eles não alteraram radicalmente nem fundamentalmente. Consideremos as razões para esses fatos. 

Mesmo que um governo genuinamente socialista fosse eleito democraticamente, seu primeiro ato de governo ao implantar o socialismo teria de ser um ato de enorme violência, qual seja, a expropriação a força dos meios de produção. A eleição democrática de um governo socialista não alteraria o fato de que o confisco de propriedade contra a vontade dos proprietários é um ato de força. Uma expropriação à força da propriedade baseada no voto democrático é tão pacífica quanto um linchamento também baseado no voto. Trata-se de uma violação primordial dos direitos individuais. 

A única maneira de o socialismo realmente ser implantado por meios pacíficos seria com os donos de propriedade voluntariamente doando sua propriedade ao estado socialista. 

Porém, pense nisso. Se o socialismo tivesse de esperar que os donos de propriedade doassem voluntariamente sua propriedade para o estado, este certamente teria de esperar para sempre. Logo, se o socialismo tem de ser implantado, então ele só pode existir por meio da força — e força aplicada em escala maciça, contra toda a propriedade privada.

Ademais, no caso da socialização de todo o sistema econômico, em contraposição à socialização de uma indústria isolada, é impossível criar alguma forma de compensação para os donos das propriedades confiscadas. No caso de uma estatização isolada, o governo pode compensar os proprietários destituídos simplesmente tributando o restante dos donos de propriedade. Mas se o governo confisca todas as propriedades, e simplesmente abole a propriedade privada, então não há nenhuma possibilidade de compensação justa. O governo simplesmente rouba a propriedade de todos, por completo. 

Nessas circunstâncias, os donos de propriedade irão quase que certamente resistir e tentar defender seus direitos — pela força, se necessário —, e estariam totalmente corretos em agir assim.

Isso explica por que apenas os comunistas conseguem implantar o socialismo, e por que os social-democratas sempre fracassam em suas tentativas. Os comunistas, com efeito, sabem que têm de ir a campo e roubar toda a propriedade dos homens. E sabem também que, se quiserem ser bem sucedidos nessa empreitada, é melhor irem armados e preparados para matar os donos de propriedade, os quais certamente tentarão defender seus direitos (daí a importância de se desarmar a população para se implantar um estado totalitário). 

Os social-democratas, por outro lado, são hesitantes e acabem sendo contidos pelo medo de tomar essas medidas necessárias para se chegar ao socialismo.

Em suma, os fatos essenciais são esses. O socialismo necessariamente deve começar com um enorme ato de confisco. Aqueles que querem seriamente roubar devem estar preparados para matar aqueles a quem eles planejam roubar. 

Assim sendo, os social-democratas são meros vigaristas e batedores de carteira, que se ocupam em proferir palavras vazias sobre o dia em que finalmente implantarão o socialismo, mas que saem em desabalada carreira ante o primeiro sinal de resistência oferecido por suas almejadas vítimas. Os comunistas, por outro lado, levam muito a sério a implantação do socialismo. Eles são assaltantes armados preparados para matar. É por isso que os comunistas conseguem implantar o socialismo. 

Dentre esses dois, apenas os comunistas estão dispostos a empregar os meios sanguinolentos necessários para implantar o socialismo.

Portanto, torna-se claro por que todos os livros, palestras e protestos pacíficos do mundo são incapazes de algum dia implantarem o socialismo: eles jamais irão persuadir o número necessário de pessoas a doarem voluntariamente sua propriedade ao estado socialista. Portanto, todas essas medidas "intelectuais" serão necessariamente fúteis, pelo menos até o ponto em que tudo descambe em ação violenta.

A implicação de tudo isso é que, a menos que os marxistas possam se tornar satisfeitos com a atual situação, assim como os social-democratas aparentemente aprenderam a ser — com medidas econômicas apenas parciais rumo ao seu objetivo, tais como a criação e a expansão do estado assistencialista, regulador e vorazmente tributador —, eles estarão fadados à frustração permanente. Ao mesmo tempo, aqueles dentre eles que continuarem comprometidos com a realização do seu objetivo — isto é, o real socialismo — certamente não irão tolerar tal frustração permanentemente. 

Pela lógica, é de se supor que, em algum momento, quase que inevitavelmente, eles irão descambar para a ação violenta, pois essa é a única maneira na qual eles podem de fato realizar seu objetivo.

Tais marxistas, como os socialistas — os sérios e dedicados —, não são de modo algum intelectuais incriticáveis, mas sim pessoas perigosas e com uma mentalidade criminosa.



George Reisman é Ph.D e autor de Capitalism: A Treatise on Economics. (Uma réplica em PDF do livro completo pode ser baixada para o disco rígido do leitor se ele simplesmente clicar no título do livro e salvar o arquivo). Ele é professor emérito da economia da Pepperdine University. Seu website: www.capitalism.net. Seu blog georgereismansblog.blogspot.com.

domingo, 15 de maio de 2016

O que é o socialismo fabiano - e por que ele importa

Antes da Revolução Russa, o Partido Comunista tinha duas alas: Bolchevique e Menchevique.
Os Bolcheviques acreditavam na imediata imposição do socialismo por meios violentos, com confisco armado das propriedades, das fábricas, e das fazendas, e o assassinato dos burgueses e reacionários que porventura oferecessem resistência. 
Já os Mencheviques (que também se auto-rotulavam social-democratas) defendiam uma abordagem mais gradual, não-violenta e não-revolucionária para o mesmo objetivo.  Para estes, a liberdade e a propriedade deveriam ser abolidas pelo voto da maioria.
Os Bolcheviques venceram a Revolução Russa e implantaram o terror.  No entanto, após cometerem crimes inimagináveis, eles praticamente desapareceram do cenário.  Já os Mencheviques, no entanto, não apenas seguem vivos como também se fortaleceram e se expandiram, e estão no poder de boa parte dos países democráticos.
Os mencheviques modernos seguem, em sua essência, as mesmas táticas dos Mencheviques russos: em vez de abolirem a propriedade privada e a economia de mercado, como queriam os Bolcheviques, os atuais mencheviques entenderam ser muito melhor um arranjo em que a propriedade privada e o sistema de preços são mantidos, mas o estado mantém os capitalistas e uma truncada economia de mercado sob total controle, regulando, tributando, restringindo e submetendo todos os empreendedores às ordens do estado. 
Para os mencheviques atuais, tradições burguesas como propriedade privada e economia de mercado devem ser toleradas, mas a economia tem de ser rigidamente regulada e tributada.  Políticas redistributivistas são inegociáveis.  Uma fatia da renda dos indivíduos produtivos da sociedade deve ser confiscada e redistribuída para os não-produtivos.  Grandes empresários devem ser submissos aos interesses do regime e, em troca, devem ser beneficiados por subsídios e políticas industriais, e também protegidos por tarifas protecionistas. 
Acima de tudo, cabe aos burocratas do governo — os próprios mencheviques — intervir no mercado para redistribuir toda a riqueza e manter a economia funcionando de acordo com seus desígnios. 
No entanto, a estratégia menchevique não se resume à economia.  A questão cultural é tão ou mais importante.  Para os mencheviques atuais, a cultura burguesa deve ser substituída por uma nova mentalidade condicionada ao modo de pensar social-democrata, e a estratégia para isso consiste na imposição lenta e gradual de uma revolução cultural.
Os mencheviques, fiéis ao seu ideal "democrático", sempre se sentiram desconfortáveis com a ideia de revolução, preferindo muito mais a "evolução" gradual produzida pelas eleições democráticas.  O estado deve ser totalmente aparelhado por intelectuais partidários e simpatizantes, de modo a garantir uma tomada hegemônica das instituições culturais e sociais do país.  Daí a desconsideração pelos gulags e pela revolução armada.
Como tudo começou
As raízes do menchevismo atual não estão na Rússia de Lênin, mas sim na Londres de 1883, quando um grupo de socialistas adeptos do gradualismo fundou a Sociedade Fabiana.  Liderada por um cidadão chamado Hubert Bland, os mais famosos membros da sociedade eram o dramaturgo George Bernard Shaw, os autores Sidney e Beatrice Webb, e o artista William Morris.
A Sociedade Fabiana tem este nome em homenagem a Quintus Fabius Maximus, político, ditador e general da República Romana (275-203 a.C.) que conseguiu derrotar Aníbal na Segunda Guerra Púnica adotando a estratégia de não fazer confrontos diretos e em larga escala (nos quais os romanos haviam sido derrotados contra Aníbal), mas sim de incorrer apenas em pequenas e graduais ações, as quais ele sabia que podia vencer, não importa o tanto que ele tivesse de esperar.
Em suma, Quintus Fabius Maximus era um estrategista militar que evitava qualquer confrontação aberta e decisiva; em vez disso, ele preferia fatigar seus oponentes com táticas procrastinadoras e cansativas, manobras enganadoras e assédios contínuos.
Fundada exatamente no ano da morte de Marx com o intuito de promover as idéias do filósofo alemão por meio do gradualismo, a Sociedade Fabiana almejava "condicionar" a sociedade, como disse a fabiana Margaret Cole, por meio de medidas socialistas disfarçadas.   Ao atenuar e minimizar seus objetivos, a Sociedade Fabiana tinha o intuito de não incitar os inimigos do socialismo, tornando-os menos combativos.
Ao contrário dos revolucionários marxistas, os socialistas fabianos conheciam muito bem o funcionamento das políticas públicas britânicas.  Sendo os especialistas originais, eles fizeram várias pesquisas, elaboraram planos, publicaram panfletos e livros, e criaram várias propostas legislativas, sempre contando com a ajuda de aliados nas universidades, igrejas e jornais.  Eles também treinaram oradores, escritores e políticos.  Sidney Webb foi além e fundou a London School of Economics em 1895 para ser o quartel-general desse trabalho.
Embora a Sociedade Fabiana jamais houvesse tido mais do que 4.000 membros, foram eles que criaram, promoveram e conduziram pelo Parlamento a maior parte das políticas sociais britânicas até o início da década de 1980.  O resultado foi uma economia em frangalhos e uma sociedade esclerosada, situação esta que só começou a ser revertida quando Margaret Thatcher começou a "desfabianizar" a Inglaterra.
Os fabianos foram bem-sucedidos em seu objetivo de criar um "estado provedor", um estado assistencialista que cuidaria não apenas dos pobres, mas também da classe média, do berço ao túmulo.
Seja na forma de compensações trabalhistas, ou de pensões e aposentadorias, seguro-desemprego e medicina socializada, os fabianos sempre enfatizaram a "reforma social".  Segundo o escritor John T. Flynn, os fabianos
Perceberam prematuramente o imenso valor das reformas sociais em acostumar os cidadãos a ver o estado como a ferramenta para curar todas as suas doenças e inquietudes.  Eles viram que uma agitação em prol de um estado assistencialista poderia se tornar o veículo ideal para incutir idéias socialistas nas mentes do cidadão comum.
Outra inovação fabiana: reformas sociais invariavelmente envolviam algum tipo de "seguridade".  As pessoas seriam induzidas a aceitar o socialismo caso este fosse apresentado por meio de modelos oriundos das ciências atuariais, tendo empresas de seguro como base.
Empresas de seguro genuínas, baseando-se em estatísticas de distribuição aleatória de acidentes, coletam dinheiro de seus segurados na forma de um consórcio e concentram-no em um fundo, desta forma tornando o mundo menos incerto para seus membros.  Os fabianos, muito espertamente, pegaram esse modelo e disseram: concentremos a riqueza de todos nas mãos do estado e seremos felizes, saudáveis e teremos uma vida melhor.
Aneurin Bevan, o ministro da saúde fabiano do governo trabalhista dos pós-guerra, que criou o National Health Service — o sistema estatal de saúde britânico (veja algumas notícias recentes da saúde britânica estatal aqui, aqui, aqui e aqui) —, chegou realmente a argumentar que tal modelo iria drasticamente aumentar a expectativa de vida de todos, chegando ao ponto de postergar a morte indefinidamente.
Mas a verdadeira visão fabiana do estado foi mais bem explicitada no livro de Sidney e Beatrice Webb intitulado Soviet Communism: A New Civilization?, publicado em 1935 (o ponto de interrogação foi removido do título após a primeira edição).  O livro glorificava a URSS de Stalin como se fosse virtualmente um paraíso na terra.
Como marxistas, embora de uma outra estirpe, os Webbs aprovavam o stalinismo — se não os meios, os fins.  "Os fabianos eram, de uma certa forma, marxistas mais bem treinados do que o próprio Marx", disse Joseph Schumpeter.  Que continuou:
Concentrar-se nos problemas que podem ser alterados por métodos políticos práticos, adaptar-se à evolução das questões sociais, e deixar o objetivo supremo ser alcançado automaticamente [por meio da alteração cultural das massas] é algo que está muito mais de acordo com a doutrina fundamental de Marx do que a ideologia revolucionária que ele próprio propôs.
Conclusão
No linguajar fabiano, impostos são "contribuições", gastos do governo são "investimentos", criticar o governo é "entreguismo" ou "falta de patriotismo", donos de propriedades são "elites", "reacionários" e "privilegiados", e "mudança" significa " socialismo".
Quando os atuais social-democratas pedem "sacrifícios" da população em prol dos "ajustes" do governo, tenha em mente que os fabianos diziam exatamente o mesmo, defendendo, segundo as próprias palavras de Beatrice Webb, a "transferência" da "emoção do serviço sacrificante" de Deus para o estado.
Para os fabianos, o estado (seus burocratas e toda a sua mentalidade) é o único deus por quem a população deve se sacrificar.
Por fim, vale ressaltar que o desaparecimento dos bolcheviques nunca foi lamentado pelos social-democratas fabianos.  Muito pelo contrário: os social-democratas fabianos agora detêm o monopólio da marcha "progressista" da história rumo à Utopia.
A janela de vidro pintada que adorna a casa de Beatrice Webb em Surrey, Inglaterra, mostra George Bernard Shaw e Sidney Webb remodelando o mundo com uma bigorna, tendo ao fundo o brasão da Sociedade Fabiana: um lobo em pele de cordeiro.  Aquele lobo está hoje entre nós.  




Lew Rockwell é o chairman e CEO do Ludwig von Mises Institute, em Auburn, Alabama, editor do website LewRockwell.com, e autor dos livros Speaking of Liberty e The Left, the Right, and the State

Tradução de Leandro Roque