segunda-feira, 11 de julho de 2016

OS MORTOS QUE O BRASIL NÃO CHORA ( II ) - Irlando de Souza Regis, 11/06/1970, Agente da Polícia Federal

Irlando de Souza Regis, 11/06/1970, Agente da Polícia Federal 

A noite de 11/06/1970 ficaria marcada para sempre na memória do Embaixador Alemão no Brasil, 

Ehrendfried Anton Theodor Ludwig Von Holleben. Isso não é pouco se considerar-se que Von Holleben era veterano da Segunda Guerra Mundial, tendo sido ferido em combate. Naquela noite, por volta das 19hs45min o Embaixador Alemão deixou o prédio da Embaixada nas Laranjeiras (Bairro do Rio de Janeiro – GB) para se dirigir para a sua casa (Rua Candido Mendes, 784) na sua Mercedes Bens. Dirigindo o automóvel estava o motorista Marinho Hutter, a seu lado, o agente federal Irlando de Souza Regis. Logo atrás, o veículo era seguido por uma Variant com mais dois agentes federais: Luiz Antônio Sampaio e José Pinheiro da Silva. Na altura da Ladeira do Fialho, Marinho foi obrigado a frear seu carro, pois uma Pick-up (cor verde, placas 35-50-87) fechou o carro oficial, chegando a bater nele. O que se seguiu foi uma ação rápida, violenta e muito bem planejada. Uma saraivada de balas de metralhadoras e revolveres foi disparada. O motorista só teve tempo de levar as mãos à cabeça em um gesto instintivo de proteção. Percebeu a sua porta ser aberta e um terrorista mandou que ele ficasse quieto. Viu o Embaixador Helleben ser arrastado do carro. Um dos terroristas deu uma rajada de metralhadora contra a Variant de escolta, ferindo gravemente o Agente Federal Luiz 

Antônio e levemente o seu colega José Pinheiro. Irlando não teve a mesma sorte. Um dos terroristas atirou pelo vidro entreaberto da Mercedes acertando o tórax do agente federal que morreu na hora.
Testemunhas completaram o quadro do que aconteceu para a Polícia. Por volta das 18 horas, dois homens e uma mulher sentaram-se na escadaria da Ladeira do Fialho que ligava a Rua Cândido Mendes com a Rua Benjamin Constant, na Glória. Pelos menos outras seis pessoas participaram do seqüestro. O sinal para a ação veio quando um dos terroristas atirou contra um poste de luz, deixando a rua na penumbra. A fuga foi realizada com o auxílio de dois veículos: um Opala bege e um Volkswagen grená.
Antes de fugir do local, os terroristas espalharam panfletos pela rua e imediações onde declaravam sua intenção de continuar perpetrando seqüestros contra autoridades de qualquer país que estivesse em serviço no Brasil.

O Embaixador alemão foi libertado no dia 16/06/1970 após o governo brasileiro despachar para a Argélia, 40 terroristas conforme exigências dos seqüestradores.

Irlando de Souza Regis (nas listas que circulam na Internet, o nome é grafado equivocadamente como Irlando de Moura Regis) era carioca e tinha 54 anos de idade. Havia ingressado na Polícia em 14/02/1941. Desde abril de 1970 estava lotado na SOPS, quando fora encarregado da segurança do Embaixador Alemão. Vivia com D. Florentina D. Rocha e havia adotado a filha da sua companheira, a jovem Guilhermina Maria da Rocha de 17 anos. O Presidente da República Emilio Garrastazu Médici compareceu ao funeral que foi acompanhado por cerca de cinco mil pessoas. O corpo de Irlando foi enterrado no Mausoléu do Policial, no Cemitério São Francisco Xavier, no Cajú.

Autoria: Comando Juarez Guimarães de Brito. Foram identificados os seguintes terroristas: Jesus Paredes Soto, José Maurício Gradel, Sônia Eliane Lafóz, José Milton Barbosa, Eduardo Coleen Leite (autor dos disparos que mataram Irlando), Herbert Eustáquio de Carvalho, José Roberto Gonçalves de Rezende, Alex Polari e Roberto Chagas da Silva.

Fontes: Jornal do Brasil, edição 00056 de 12/06/1970, 1º caderno, página 3; edição 00057 de 13/06/1970, 1º caderno, página 2 e página 7; edição 00060 de 17/06/1970, 1º caderno, página 3; Correio da Manhã, edição 23668 de 13/06/1970, matéria de capa e 1º caderno, página 3.
Esclarecimento do autor: este artigo integra uma série intitulada “Os Mortos Que o Brasil Não Chora” e é resultado de minuciosa pesquisa em jornais, revistas e periódicos publicados na época em que os fatos aconteceram. São aproximadamente 120 vítimas. Alguns eram integrantes de Forças de Segurança, outros civis – alguns sem qualquer conexão com um ou outro lado – e os demais eram membros da esquerda que foram “justiçados” (executados) por seus próprios companheiros. A cada publicação contarei a história de um episódio ou de uma vítima. Procurei obedecer a ordem cronológica dos acontecimentos. 


Todos os artigos já publicados estão disponíveis no site do grupo Ternuma (www.ternuma.com.br) e na página pessoal do autor no Facebook (https://www.facebook.com/robson.meroladecampos).

O BOLSONARO NÃO PODE. E O CIRO GOMES, PODE?

O Deputado Jair Bolsonaro (aquele que não foi citado em nenhuma delação, nem a dos ratos petistas) tem, contra si, mais um processo na Comissão de Ética da Câmara Federal. Desta vez, por fazer “apologia à tortura”.

PQP, eu vou morrer e não ver tudo!

A Câmara Federal julgando ética? Conta outra, que esta não deu pra rir... Pois, tudo o que inexiste na Câmara dos Deputados é ÉTICA!

Equivale a dizer que agora os traficantes de drogas é que irão julgar os seus comparsas.

É simplesmente algo surreal!

Mas, os processos estão lá: o primeiro instaurado para examinar a quebra de decoro parlamentar quando o Deputado Bolsonaro reagiu a uma ofensa da “equilibrada e coerente” deputada maria do rosário que o chamou de estuprador.

Para o carro que eu quero descer!

Ofender um colega de estuprador pode? Não ofende ao decoro da casa?

Desculpem a pergunta, mas o macaco só queria entender...

O segundo processo é ainda mais patético: “teria” o Deputado feito apologia à tortura quando pretendeu homenagear um coronel que não foi condenado até hoje. De que apologia me falam os nobres caras pálidas?

Pelo que entendo de leis, crime é o que fez o risível político profissional Ciro Gomes, ao declarar que gostaria de sequestrar o Lula para não deixa-lo ser preso. Ora, eu não sabia que o sempre patético cearense se tornou julgador de condutas.

Além do flagrante desrespeito ao SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL quando declarou que um processo contra Lula seria um golpe na democracia, pois ridicularizou publicamente a decisão do Ministro Teori Zavascki, que determinou a remessa da denúncia contra o ser vivo mais honesto do planeta para o Juízo Federal de Curitiba.

Certamente o Ministro Teori se omitiu diante da regra democrática e permitiu que o golpe seguisse o rito processual...

O Ciro Gomes não fez apologia, mas incitou a prática de crime previsto na Lei penal (artigo 286 c/c artigo 148 do Código Penal).

Voltando aos casos de decoro envolvendo o Deputado Bolsonaro, é sabido que ele não incorreu em crime algum.

No caso da deputada maria do rosário ele – no máximo – cometeu um “crime de indelicadeza”. Ou falta de cavalheirismo. Se bem que somente se deve cobrar de um cavalheiro o comportamento diante de uma dama, coisa que a conduta da petista gaúcha passa bem longe de ser sequer parecido.

E todas as verdadeiras damas sabem disso. Mesmo as petistas mais fanáticas...

Já na questão da homenagem ao coronel Brilhante Ustra, segundo processo instaurado na tal “Comissão de Ética”, que crime teria cometido o Deputado?

Diz o artigo 287 do Código Penal – Decreto Lei 2848/40, que:
“Fazer apologia, publicamente, de fato criminoso ou de autor de crime”.
Ora, qual foi o fato criminoso?
E quem é o autor de um crime?

Não tenho procuração do coronel para defendê-lo, mas – que eu saiba, e isto o PT não alterou – a Carta Magna declara a inocência de todo aquele que não foi condenado em juízo (cOmissão da verdade não vale!), com trânsito em julgado da decisão.

Desconheço qualquer sentença judicial a condenar o coronel por tortura ou similar. A quem quer que seja!

Portanto, à luz da Lei brasileira, penal ou civil, o Deputado Bolsonaro NÃO PRATICOU NENHUM DELITO.
Muito menos ético.


Fonte: Ternuma
Marcelo Aiquel – Advogado - 29/06/2016

domingo, 10 de julho de 2016

OS MORTOS QUE O BRASIL NÃO CHORA ( I )

Alberto Mendes Júnior, 10/05/1970, Tenente da Polícia Militar de São Paulo

Em maio de 1970 as autoridades brasileiras não tinham mais dúvidas que o ex-capitão Carlos Lamarca estava atuando no Vale do Ribeira, em São Paulo, onde havia instalado um foco de guerrilha rural. Diversas operações estavam sendo realizadas naquela região, especialmente nas redondezas da cidade de Registro – SP.
Na noite de 08/05/1970, o Tenente da Polícia Militar de São Paulo Alberto Mendes Júnior, que comandava um pelotão sediado em Registro - SP em apoio às tropas do Exército, recebeu ordens de se deslocar até a cidade de Eldorado – SP, onde um grupo de terroristas havia assaltado um posto de gasolina e roubado um caminhão. Tendo passado por Eldorado -SP e não tendo sido feito contato com os terroristas, o Tenente Mendes resolveu seguir até a cidade de Sete Barras – SP. A cinco quilômetros da cidade, os policiais encontraram um veiculo civil atravessado na estrada impedindo a sua progressão. As duas viaturas policiais se aproximaram do veículo e quando estavam a dez metros foram alvejados por disparos de fuzis automáticos. O Sargento Lino e os soldados Carrara e Lareno foram feridos e ficaram caídos no meio da estrada. Outros dois policiais também foram baleados. O Tenente Mendes respondeu ao fogo dos terroristas agrupando em torno de si alguns soldados, no lado direito da estrada. Mas, os terroristas, que também se espalharam pelo mato ao redor da estrada estavam em posição vantajosa. O comandante do grupo guerrilheiro, o ex-capitão Carlos Lamarca exigiu a rendição dos policiais, exigindo que o comandante dos militares se apresentasse, sendo seguido neste intento por Yoshitame Fujimore que bradava que se os soldados não cessassem o fogo iria matar os feridos que estavam na estrada.
Os soldados, armados com velhos fuzis Mauser modelo 1908 não conseguiram fazer frente aos disparos dos terroristas/guerrilheiros que estavam armados com FAL – Fuzil Automático Leve – armas de guerra que haviam sido roubadas do 4º Regimento em Quitaúna pelo ex-capitão Carlos Lamarca.

Nas operações contra guerrilheiros existe a ordem de o comandante nunca se apresentar como tal, tendo em vista o evidente risco pessoal para o mesmo. Entretanto, o Sargento Lima, que integrava a patrulha, julgando que seu comandante Tenente Mendes estava morto, apresentou-se como o comandante. Com diversos soldados feridos na refrega e como a munição estava acabando, o Tenente Mendes, preocupado em salvar seus homens, e mesmo já estando com um ferimento leve no pé, apresentou-se como o real comandante e aceitou o cessar fogo, entregando-se como refém em troca de vida de seus soldados. Ficou combinado então que o Tenente Mendes levaria os feridos para atendimento médico, deixando o restante do pelotão (sete soldados) como refém, e deveria retornar depois para que seus homens fossem liberados. Mendes cumpriu a sua promessa: mesmo já estando livre, retornou ao local do combate e com isso salvou a vida dos seus sete comandados, além daqueles que já haviam sido encaminhados para socorro médico, três dos quais em estado grave.

O grupo terrorista comandado por Lamarca liberou os soldados que haviam ficado aprisionados e prosseguiu a sua fuga levando consigo o comandante do pelotão. Mas, dois dias depois, temerosos que o Tenente Mendes que fora levado como refém pudesse fugir e denunciar a sua posição, resolveram montar um “tribunal revolucionário” e julgar o Tenente Mendes. Tais tribunais eram na verdade uma farsa: o “acusado” não tinha direito a palavra nem a defesa. E a sentença já era conhecida por todos os que participavam de tal “teatro”. Mendes foi condenado a morte pelo grupo e foi amarrado e cruelmente executado a golpes de coronhadas na cabeça. Os terroristas resolveram executá-lo dessa forma para não fazer barulho (com disparos de arma de fogo) e denunciar a sua posição. Morto o Tenente Mendes o grupo prosseguiu a sua fuga, abandonando o cadáver em uma cova rasa.

O corpo do Tenente Alberto Mendes Júnior só foi encontrado no dia 09/09/1970 por um grupo de policiais militares, após a prisão de um terrorista que atuava no Vale do Ribeira. Este elemento informou a localização aproximada do corpo do oficial, que foi encontrado em uma cova rasa, em um local ermo do município de Sete Barras, a cerca de 20 km da cidade de Registro – SP. Foram necessários mais de 36 horas de buscas até que o corpo do Tenente Mendes fosse encontrado. O exame cadavérico confirmou a crueldade com que o oficial da PMSP fora executado, a coronhadas, que esmagou seu cérebro.

Alberto Mendes Júnior era 2º Tenente da Polícia Militar de São Paulo. Era natural de São Paulo e tinha 23 anos quando foi barbaramente assassinado. Era filho de D. Angelina Mendes e Alberto Mendes. Foi promovido postumamente por bravura ao posto de 1º Tenente (alguns periódicos informaram que a promoção fora ao posto de Capitão). Seu corpo foi sepultado em 11/09/1970, no Cemitério do Araça, São Paulo – SP, com honras militares, na presença de cerca de 20 mil pessoas. Os jornais da época, unanimemente, classificaram o Tenente Mendes como verdadeiro herói, tendo em vista o seu sacrifício para salvar seus homens.

Autoria: Carlos Lamarca, Yoshitame Fujimore e Diógenes Sobrosa de Souza compuseram o “Tribunal Revolucionário” que condenou a morte o Tenente Alberto Mendes Júnior. Yoshitame Fujimore e Diógenes Sobrosa de Souza foram os executores da “sentença”.

Fontes: Jornal do Brasil, edição 00134 de 10/09/1970, 1º caderno, página 4; edição 00135 de 11/09/1970, 1º caderno, página 20; edição 00139 de 16/09/1970, 1º caderno, página 23; edição 00140 de 17/09/1970, 1º caderno, página 17; Diário da Noite, edição 13735 de 11/09/1970, matéria de capa; Correio da Manhã, edição 23749 de 16/09/1970, 1º caderno, página 12.

Esclarecimento do autor: este artigo integra uma série intitulada “Os Mortos Que o Brasil Não Chora” e é resultado de minuciosa pesquisa em jornais, revistas e periódicos publicados na época em que os fatos aconteceram. São aproximadamente 120 vítimas. Alguns eram integrantes de Forças de Segurança, outros civis – alguns sem qualquer conexão com um ou outro lado – e os demais eram membros da esquerda que foram “justiçados” (executados) por seus próprios companheiros. A cada publicação contarei a história de um episódio ou de uma vítima. Procurei obedecer a ordem cronológica dos acontecimentos. 

Todos os artigos já publicados estão disponíveis no site do grupo Ternuma (www.ternuma.com.br) e na página pessoal do autor no Facebook (https://www.facebook.com/robson.meroladecampos).

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Socialistas, comunistas e nazistas - por que a diferença de tratamento?

por Walter Williams 

Na Europa, especialmente na Alemanha, ostentar uma suástica é um crime.  Ao longo de décadas após a Segunda Guerra Mundial, pessoas têm caçado e punido os assassinos nazistas, que foram responsáveis pela chacina de cerca de 20 milhões de pessoas.
Eis uma pergunta: por que os horrores do nazismo são tão bem conhecidos e amplamente condenados, mas não os horrores do socialismo e do comunismo? Por que se ignora — ou ainda pior: por que se esconde — que as ideias socialistas e comunistas não apenas geraram uma carnificina muito maior, como ainda representaram o que houve de pior na história da humanidade?
Você pode dizer: "Williams, de que diabos você está falando? Socialistas, comunistas e os seus simpatizantes são uma moçada bacana, que apenas luta para que os mais pobres tenham um tratamento justo. Eles querem promover a justiça social!".
Então vamos dar uma rápida olhada na história do socialismo e do comunismo.
Em primeiro lugar, o nazismo é, por definição, uma versão do socialismo. Na verdade, o termo "Nazista" é uma abreviatura para Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães.
[N. do E.: em sua política econômica, os nazistas praticaram controle de preços, controle de salários e arregimentaram toda a produção nacional, voltando-a para o setor militar. Nesse sociedade totalmente arregimentada, todos viviam em função de obedecer às ordens do Führer.

A propriedade dos meios de produção continuou em mãos privadas, mas era o governo quem decidia o que deveria ser produzido, em qual quantidade, por quais métodos, e a quem tais produtos seriam distribuídos, bem como quais preços seriam cobrados, quais salários seriam pagos, e quais dividendos ou outras rendas seriam permitidos ao proprietário privado nominal receber.

É por isso que há o socialismo de estilo soviético (bolchevista) e o socialismo de estilo alemão (nazista). Fixar preços é uma forma de ataque à propriedade privada, pois retira dos produtores as opções que eles teriam no livre mercado para aplicar seus recursos. Fixação de preços é um decreto estatal que, na prática, proíbe os proprietários de investirem seus recursos onde bem quiserem.]

Mas os atos inomináveis de Adolf Hitler empalidecem em comparação com os horrores cometidos pelos comunistas na antiga URSS, na República Popular da China e no Camboja, apenas para ficar entre os principais.
Entre 1917 e 1987, Vladimir LêninJosef Stalin e seus sucessores assassinaram 62 milhões de pessoas do seu próprio povo.  O ponto de partida foi a Ucrânia.
[N. do E.: normalmente é dito que o número de ucranianos mortos na fome de 1932-33 foi de cinco milhões.  Deacordo com o historiador Robert Conquest, se acrescentarmos outras catástrofes ocorridas com camponeses entre 1930 e 1937, incluindo-se aí um enorme número de deportações de supostos "kulaks", o grande total é elevado para entorpecentes 14,5 milhões de mortes.]
Já entre 1949 e 1987, o comunismo da China, liderado por Mao Tsé-Tung e seus sucessores, assassinou ou de alguma maneira foi o responsável pela morte de 76 milhões de chineses. [N. do E.: há historiadores que dizem que o número total pode ser de 100 milhões ou mais.  Somente durante o Grande Salto para Frente, de 1959 a 1961, o número de mortos varia entre 20 milhões e 75 milhões. No período anterior foi de 20 milhões. No período posterior, dezenas de milhões a mais.]
No Camboja, o Khmer Vermelho, comandado por Pol Pot, exterminou aproximadamente 3 milhões de cambojanos, em uma população de 8 milhões.
No total, os regimes marxistas assassinaram aproximadamente 110 milhões de pessoas de 1917 a 1987.  Destes, quase 55 milhões de pessoas morreram em vários surtos de inanição e epidemias provocadas por marxistas — dentre estas, mais de 10 milhões foram intencionalmente esfaimadas até a morte, e o resto morreu como consequência não-premeditada da coletivização e das políticas agrícolas marxistas.
Para se ter uma perspectiva deste número de vidas humanas exterminadas, vale observar que todas as guerras domésticas e estrangeiras durante o século XX mataram aproximadamente 85 milhões de civis.   Ou seja, quando marxistas controlam estados, o marxismo é mais letal do que todas as guerras do século XX combinadas, inclusive a Primeira e a Segunda Guerra Mundial e as Guerras da Coréia e do Vietnã.
O regime mais autoritário e mais assassino da história está documentado no website do professor Rudolph J. Rummel, da Universidade do Havaí, no endereço http://www.hawaii.edu/powerkills, e no seu livro Death By Government.
Estudiosos da área de homicídio em massa dizem que a maioria de nós não é capaz de imaginar 100 mortos ou 1000. E acima disso, tudo vira apenas estatística: os números passam a não ter qualquer sentido conceitual para nós, e a coisa se torna um simples jogo numérico que nos desvia do horror em si. 
Quantos desses assassinos comunistas foram caçados e punidos? Ao contrário, tornou-se aceitável em todos os países do mundo (exceto na Polônia, na Geórgia, na Hungria, na Letônia, na Lituânia, na Moldávia e na Ucrânia) marchar sob a bandeira vermelha da ex-URSS, estampada com a foice e o martelo.
Mao Tse-Tung é amplamente admirado por acadêmicos e esquerdistas de vários países, os quais cantam louvores a Mao enquanto leem seu livrinho vermelho, "Citações do Presidente Mao Tse-Tung".
[N. do E.: no Brasil, o PCdoB, partido da base do atual governo, é assumidamente maoísta].
Seja na comunidade acadêmica, na elite midiática, na elite cultural e artística, em militantes de partidos políticos, em agremiações estudantis, em movimentos ambientalistas etc., o fato é que há uma grande tolerância para com as ideias socialistas — um sistema (de governo) que causou mais mortes e miséria humana do que todos os outros sistemas combinados.
Os esquerdistas, progressistas e socialistas de hoje se arrepiam com a simples sugestão de que sua agenda pouco difere da dos maníacos nazistas, soviéticos e maoístas.  Não é necessário defender campos de concentração ou conquistas territoriais para ser um tirano. O único requisito necessário é acreditar na primazia do estado sobre os direitos individuais.
Os inenarráveis horrores do nazismo, do stalinismo e do maoísmo não foram originalmente criados nas décadas de 1930 e 1940 pelos homens associados a tais rótulos.  Aqueles horrores foram simplesmente o resultado final de uma longa evolução de ideias que levaram à consolidação do poder nas mãos de um governo central, e tudo em nome da "justiça social".  Foram alemães decentes, porém mal informados — e os quais teriam tido espasmos de horror à simples ideia de extermínio e genocídio —, que construíram o Cavalo de Tróia que levou Hitler ao poder.
A estrada que estamos trilhando, em nome do bem comum, é muito familiar.  Se você não acredita, pergunte a si mesmo: qual o caminho que estamos trilhando: para uma maior liberdade ou para um maior controle governamental sobre nossas vidas?
Talvez pensemos que somos seres humanos melhores do que os alemães que criaram as condições que levaram Hitler ao poder. Quanto a isso, digo apenas o seguinte: não contem com isso.
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Walter Williams é professor honorário de economia da George Mason University e autor de sete livros.  Suas colunas semanais são publicadas em mais de 140 jornais americanos.