Por Itamar Flávio*
“Os socialistas gostam tanto de pobres que em todos os países onde governam eles se encarregam logo de multiplicá-los.”
Sempre que vejo os esquerdistas defendendo a reforma agrária fico a
pensar como podem ser tão pretensiosos ao querer planejar a vida dos
outros! Eles argumentam que sem a reforma agrária haveria uma migração
dos trabalhadores rurais para as periferias das grandes cidades e todos
se degradariam, aumentando a miséria e a violência.
Eu aqui continuo a pensar: qual o problema os esquerdistas veriam
nesta degradação, já que eles “precisam” do acirramento das contradições
de classes? Será que eles não leram mesmo Karl Marx? E tem mais: qual
problema os esquerdistas teriam com o aumento da pobreza, já que em
todos os países onde governam eles se encarregam de multiplicar o número
de pobres? Acho que encontrei a resposta para esse aparente paradoxo.
Garrei a pensar na minha vida na roça, no período em que trabalhei de
boia fria e que também trabalhei na pequena chácara do meu pai. Vida
pacata, simples, pobre e sem perspectiva de ascensão. Aí, em meado da
década de 1970, não deu mais e o êxodo rural “jogou” todas as pessoas
da minha família na periferia da cidade de Maringá-PR. Ao contrário do
que preveem os intelectuais, nenhum homem da minha família virou
marginal e nenhuma mulher virou puta.
Trabalhei como pintor de parede, servente de pedreiro e outras
atividades correlatas, além de alguns períodos de desemprego. Essa vida
urbana que oferecia a possibilidade de me perpetuar nas atividades
simples também me possibilitou escolher estudar no período noturno. Num
intervalo de 14 anos deixei o caminhão de boia fria e a enxada, que
nunca me encantaram, e me tornei professor universitário. E todos os
demais membros da minha família melhoraram de vida.
E continuo a pensar o que teria acontecido comigo se eu tivesse
permanecido no campo e me conformado com a possibilidade de reforma
agrária que tanto encantam os militontos (militantes tontos)
universitários! A conclusão que chego não me agrada. Então devo dizer
efusivamente: viva o êxodo rural que me jogou na periferia de uma grande
cidade; viva a “expropriação” dos camponeses (sei que o mais correto
seria expropriação dos lavradores, mas digo camponês pra provocar os
nervosinhos).
Então onde está o problema dos esquerdistas, que insistem em apoiar
as ações do MST? Ora, o livre êxodo rural permite que as pessoas sejam
livres para agir e pensar e isto é o que mais incomoda um esquerdista.
Pensar deve ser sempre tarefa para os “iluminados” do Partido. Ao povo
cabe receber de bom grado as parcas benesses oferecidas pelo Estado em
nome das bandeiras de luta do Partido. Os militantes de baixa patente do
MST, ou aqueles que já estão assentados, são pessoas que na verdade
são… não pessoas; são serem humanos que agem como se bovinos fossem; são
não pessoas que acatam as determinações partidárias e seguem obedientes
apoiando até a cleptocracia que governa o Brasil hoje, sob pena de
perder as migalhas que recebem como dádivas das bandeiras vermelhas.
E quanto ao Itamar Flávio (me perdoem usar a terceira pessoa), que na
segunda metade da década de 1970 foi varrido pelo êxodo rural? Ah,
aquele desgraçado, que segundo as profecias dos intelectuais
esquerdopatas teria virado um traficante, não teve dono; ele melhorou de
vida e hoje tem a ousadia de pensar por conta própria e não obedecer a
nenhum aglomerado de ladrões fascistas portadores das bandeiras
vermelhas. Ele tem vida própria e denuncia os malefícios do socialismo,
os malefícios da estatização e os malefícios do fascismo que norteia a
militância de esquerda. Desculpem comunas, eu sou livre. É exatamente
isto que os esquerdistas mais temem. Afinal, eles não conseguem conviver
com a liberdade dos outros.
*Professor de História Econômica na Universidade Estadual de Maringá-PR.
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