quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Por que os socialistas temem a liberdade alheia?

Por Itamar Flávio*


“Os socialistas gostam tanto de pobres que em todos os países onde governam eles se encarregam logo de multiplicá-los.”

Sempre que vejo os esquerdistas defendendo a reforma agrária fico a pensar como podem ser tão pretensiosos ao querer planejar a vida dos outros! Eles argumentam que sem a reforma agrária haveria uma migração dos trabalhadores rurais para as periferias das grandes cidades e todos se degradariam, aumentando a miséria e a violência.
Eu aqui continuo a pensar: qual o problema os esquerdistas veriam nesta degradação, já que eles “precisam” do acirramento das contradições de classes? Será que eles não leram mesmo Karl Marx? E tem mais: qual problema os esquerdistas teriam com o aumento da pobreza, já que em todos os países onde governam eles se encarregam de multiplicar o número de pobres? Acho que encontrei a resposta para esse aparente paradoxo.
Garrei a pensar na minha vida na roça, no período em que trabalhei de boia fria e que também trabalhei na pequena chácara do meu pai.  Vida pacata, simples, pobre e sem perspectiva de ascensão. Aí, em meado da década de 1970, não deu mais e o êxodo rural “jogou” todas  as pessoas da minha família na periferia da cidade de Maringá-PR. Ao contrário do que preveem os intelectuais, nenhum homem da minha família virou marginal e nenhuma mulher virou puta.
Trabalhei como pintor de parede, servente de pedreiro e outras atividades correlatas, além de alguns períodos de desemprego. Essa vida urbana que oferecia a possibilidade de me perpetuar nas atividades simples também me possibilitou escolher estudar no período noturno. Num intervalo de 14 anos deixei o caminhão de boia fria e a enxada, que nunca me encantaram, e me tornei professor universitário. E todos os demais membros da minha família melhoraram de vida.
E continuo a pensar o que teria acontecido comigo se eu tivesse permanecido no campo e me conformado com a possibilidade de reforma agrária que tanto encantam os militontos (militantes tontos) universitários! A conclusão que chego não me agrada. Então devo dizer efusivamente: viva o êxodo rural que me jogou na periferia de uma grande cidade; viva a “expropriação” dos camponeses (sei que o mais correto seria expropriação dos lavradores, mas digo camponês pra provocar os nervosinhos).
Então onde está o problema dos esquerdistas, que insistem em apoiar as ações do MST? Ora, o livre êxodo rural permite que as pessoas sejam livres para agir e pensar e isto é o que mais incomoda um esquerdista. Pensar deve ser sempre tarefa para os “iluminados” do Partido. Ao povo cabe receber de bom grado as parcas benesses oferecidas pelo Estado em nome das bandeiras de luta do Partido. Os militantes de baixa patente do MST, ou aqueles que já estão assentados, são pessoas que na verdade são… não pessoas; são serem humanos que agem como se bovinos fossem; são não pessoas que acatam as determinações partidárias e seguem obedientes apoiando até a cleptocracia que governa o Brasil hoje, sob pena de perder as migalhas que recebem como dádivas das bandeiras vermelhas.
E quanto ao Itamar Flávio (me perdoem usar a terceira pessoa), que na segunda metade da década de 1970 foi varrido pelo êxodo rural? Ah, aquele desgraçado, que segundo as profecias dos intelectuais esquerdopatas teria virado um traficante, não teve dono; ele melhorou de vida e hoje tem a ousadia de pensar por conta própria e não obedecer a nenhum aglomerado de ladrões fascistas portadores das bandeiras vermelhas. Ele tem vida própria e denuncia os malefícios do socialismo, os malefícios da estatização e os malefícios do fascismo que norteia a militância de esquerda. Desculpem comunas, eu sou livre. É exatamente isto que os esquerdistas mais temem. Afinal, eles não conseguem conviver com a liberdade dos outros.


*Professor de História Econômica na Universidade Estadual de Maringá-PR.

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